1.0 PLATÃO E ARISTÓTELES

 

 

PLATÃO E ARISTÓTELES

 

          Platão era filho de Ariston e Perictione, uma das famílias mais tradicionais de Atenas.

Perictione descendia de Sólon, o grande legislador, e era irmã de Cármine e prima de Crítias, um dos trinta tiranos que dominaram Atenas por algum tempo.

Em segundas núpcias, Perictione casara-se com Pirilampo, personagem de grande destaque na época de Péricles. Platão teve mais quatro irmãos: Adimanto, Glauco, Potone (Potone teve um filho: Espeusipo) e Eutifon, este do  segundo casamento de Perictione.

        Desde a infância, Platão já tinha forte ligação com a Política, devido à influência familiar, mas o encontro com Sócrates, no qual se tornou seu grande amigo, Platão passou a exercer a Política de forma mais intensa.

Com a morte de seu grande amigo, Sócrates, sendo obrigado a tomar cicuta, acusado injustamente de criar novos deuses a Atenas e a corromper os jovens, Platão se decepciona com a democracia de Atenas, viaja para Siracusa afim de convencer Dionísio à implantar o regime democrático.

        Após alguns anos, e não conseguindo estabelecer o novo regime, e deixando Dionísio irritado, Platão foi expulso e vendido como escravo, retorna à Atenas, onde funda a primeira escola filosófica.

     Platão ensinava na Academia e nos seus Diálagos que a compreensão dos fenômenos que ocorrem no mundo físico depende de uma hipótese: a existência de um plano superior da realidade, atingido apenas pelo intelecto, constituído de “ formas e idéias”, arquétipo eternos dos quais a realidade concreta seria a cópia imperfeita e perecível. Através da Dialética – feita de sucessivas oposições e superposições de teses – seria possível ascender do mundo físico ( apreendido pelos sentidos e objetos apenas de opiniões múltiplas e mutáveis ) à contemplação dos modelos ideais ( objetos da verdadeira ciência ).  A Dialética, era, todavia , uma construção marcada pela índole hipotética da matemática que inspirou o platonismo.

Para Platão, nada é e pode ser definitivo, as coisas estão em constante mutação. Estabelece uma ampla reforma nas instituições políticas.

Aristóteles tenta ingressar na Escola mas não é aceito, por não possuir os requisitos básicos que a Escola exigia.

       Na escola de Platão, para ser aluno era necessário saber geometria, ser belo e ser cidadão grego, mas Aristóteles não possuía nenhum dos requisitos , não sabia geometria e muito menos era cidadão grego.

        Aristóteles nasceu no ano de 385 ou 384 a.c. e era natural de Estagira, região da Calcídia na Macedônia. Por esses motivos Aristóteles não foi aceito no Liceu.

De pura raiz Jônica, a família de Aristóteles estava ligada tradicionalmente à medicina e à casa reinante da Macedônia.

Seu pai Nicômaco, era médico e amigo do rei Amintas II, pai de Felipe.

        Estagira, cidade onde Aristóteles nasceu, em 384 a.c. ficava na Calcídia e, apesar de estar situada distante de Atenas e em território sob a dependência da Macedônia, era na verdade uma cidade grega, onde o grego era a língua que se falava. A vida de Aristóteles pode se dizer até certo ponto sua obra – estará marcada por essa dupla vinculação: à cultura helênica e à aventura política da Macedônia.

Enquanto Platão permanece em Atenas, Dionísio de Siracusa morre. Dionísio II assume o poder e Platão é convidado por Dion, cunhado de Dionísio à retornar à Siracura. Platão viaja, e aproveitando de sua ida para Siracusa, Aristóteles consegue entrar para a ecola Platônica, onde o nome principal era Eudoxo de Cnido, a quem apresenta o novo aluno: Aristóteles de Estagira, “o Estagirita”.

        O estagirita, ao ingressar na Academia platônica já trazia, como herança de seus antepassados, acentuado interesse pelas pesquisas biológicas. Ao matematismo que dominava na Academia, ele iria contrapor o espírito de observação e a índole classificatória, típicos da investigação naturista, que constituirão traços fundamentais de seu pensamento.

Ao contrário de Platão, ele não estava preocupado com o destino da Polis e com a reforma das instituições. Diante das questões políticas, Aristóteles assumirá a atitude de homem estudo, que se isola da cidade em pesquisas especulativas, fazendo da política um objeto de erudição e não uma ocasião para agir.

       Enquanto isso em Siracusa, Platão mais uma vez não consegue convencer Dionísio II a mudar o regime político e é expulso. Volta para Atenas onde para sua surpresa encontra Aristóteles, mas nada poderia fazer.

No ano de 347 a.c., morre Platão, em Atenas, com 80 anos de idade.

       A escolha de Espeusípo, sobrinho de Platão para substituir o mestre da direção, decepciona Aristóteles, porque após vinte anos de destaque na Academia, esperava ser apontado como o mais apto para exercer a Direção da Academia.

Decepcionado, Aristóteles deixa Atenas e viaja para Assos na Ásia Menor, onde encontra-se com Hérmias, antigo escravo e ex- integrante da Academia, e que havia se tornado governante.

       Três anos mais tarde, Hérmias é assasinado. Aristóteles deixa a cidade levando consigo Pítias, sobrinha do tirano morto, e que se tornou sua primeira esposa. Mais tarde, morrendo Pítias, desposará Herpílis, que lhe dará um filho, Nicômaco.

Saindo de Assos, Aristóteles permanece dois anos em Mitilene, na ilha de Lesbos. É o momento em que a Macedônia garantida pelo poderio militar começa a manifestar suas vastas ambições políticas. Felipe, em 343 a.c. chama Aristóteles à Corte de Pela e confia-lhe importante missão:

À de educar seu filho Alexandre. Durante anos o filósofo se encarrega dessa missão. É ainda, preceptor de Alexandre, quando em 338 a.c. os macedônicos derrotam os gregos na Batalha de Queronéia.

       Chega ao fim a autonomia das cidades-estados que caracterizara a Grécia no período helênico. A partir de então, dominada pela Macedônia, mais tarde por Roma, a Grécia integrará amplos organismos que diluirão suas fronteiras e atenuarão as distinções culturais que tradicionalmente separavam os gregos de outros povos, sobretudo dos “Bárbaros” orientais.

       Em 336 a.c. Felipe é assassinado e Alexandre assume o trono. Logo em seguida, prepara uma expedição ao Oriente iniciando a construção de seu grande império. Nada mais justificava a permanência de Aristóteles na Corte de Pela.

É o momento de voltar à Atenas.Chegando lá, próximo ao templo dedicado a Apolo Liceano, abre sua Escola, o Liceu, que passou a rivalizar com a Academia então dirigida por Xenócrates.

       De hábito, aliás, comum nas escolas da época – que tinham os estudantes de realizar seus debates enquanto passeavam, teria surgido o termo “peripatéticos” para designar os discípulos de Aristóteles.

Ao contrário da Academia, voltada para as investigações matemáticas, o Liceu se transformou num centro de estudos dedicados principalmente às ciências naturais. De terras distantes, conquistadas em suas expedições, Alexandre enviava ao ex-preceptor, exemplares da fauna e da flora que iriam enriquecer as coleções do Liceu e o Biologismo tornou-se a marca central da própria visão científica de Aristóteles, que transpôs para toda natureza categorias explicativas pertencentes originariamente ao domínio da vida.

       Apesar da grande estima de Alexandre por Aristóteles, uma barreira os distanciavam:

Aristóteles não concordava com a fusão da civilização grega com a Oriental, porque os gregos eram de naturezas distintas, com potencialidades distintas, e não deveriam coexistir sob o mesmo regime político.

      A Polis grega, somente essa, sendo uma comunidade perfeita, pois, a única a permitir ao homem uma vida segura e verdadeiramente boa, segundo os princípios morais e justiça.

Depois da morte de Alexandre, em 323 a.c. Aristóteles passou a ser hostilizado pela facção antimacedônica, que o considerava politicamente suspeito.

       Acusado de impiedade, deixou Atenas e refugio-se em Cálcis na Eubéia, onde morreu no ano de 322 a.c., com 63 anos de idade.

 

Autor do texto:

                              Dario G. de Faria

 

FIM